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terça-feira, 15 de julho de 2014

Por que a seleção Alemã ganhou a Copa do Mundo no Brasil?

Depois da conquista do tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1990, a Alemanha teve participações bem abaixo do esperado nos Mundiais seguintes, em 1994 e 1998. Mesmo com o título da Eurocopa de 1996, última conquista da seleção, o país se viu diante de uma geração envelhecida e sem perspectiva de surgimento de novos craques
 
Centro de treinamento da Alemanha para a Copa do Mundo 2014 na Bahia
 
 
A gota d'água para que a DFB (Federação Alemã de Futebol) pudesse mudar os rumos do futebol alemão foi a Euro de 2000, quando a equipe nacional ficou na penúltima colocação daquele torneio. Um verdadeiro vexame.
 
Diante disso, a entidade resolveu fazer uma revolução na estrutura do esporte no país e passou a priorizar a formação de jogadores. O modelo foi apresentado pelo ex-jogador Franz Beckenbauer juntamente com outros dirigentes e começou a ser implantado de imediato.
 
Centro de alto rendimento do Bayern de Munique
 
 
Com um investimento que já beira a marca de 1 bilhão de dólares (cerca de R$ 2,2 bilhões), foram construídos 121 centros públicos de treinamento por toda Alemanha - hoje já são 366 unidades -, com crianças entre 9 e 17 anos que desenvolvem força, técnica e o lado psicológico.
 
E mais do que a criação dos CTs nacionais, a DFB obrigou também que todos os 36 clubes das primeira e segunda divisões da Bundesliga (18 em cada uma das divisões) montassem suas próprias escolinhas em tempo integral com estrutura para formar atletas para o futuro. A exigência é seguida até hoje e os frutos vêm sendo colhidos na Copa do Mundo de 2014.
 
Bundesliga mais forte
 
A intervenção da DFB na estrutura do futebol do país não beneficiou apenas a seleção alemã, mas também consolidou a Bundesliga como um dos campeonatos nacionais mais fortes do mundo. Nas temporadas entre 1999 e 2003, por exemplo, o Campeonato Alemão tinha uma média de 62% de atletas estrangeiros nos clubes. Hoje, a maioria é de jogadores alemães - na temporada passada, 61% dos atletas eram germânicos.
 
Centro de treinamento do Bayern de Munique
 
 
O projeto de priorizar a formação de jovens atletas também reduziu o endividamento dos clubes, já que o mercado passou a ser mais movimentado e com mais transações. A DFB (Liga Alemã de Futebol) resolveu criar também algumas regras para que os times pudessem entrar em campo pela Bundesliga e adotou fortes restrições orçamentárias.
 
Bundesliga
 
 
 
Antes de serem confirmados no campeonato, os clubes precisam enviar à DFL garantias financeiras e atestados positivos de orçamento, caso contrário não poderão atuar em uma determinada divisão, com possibilidade de rebaixamento, como já aconteceu algumas vezes.
 
Torcedores no comando
 
Na Alemanha, os clubes não podem gastar mais do que recebem, impedindo assim contratações astronômicas e muito fora da realidade, como se vê muito em outros centros europeus, como Espanha, França e Inglaterra.
 
 
 
Para ser dono de um time de futebol alemão não basta ser um russo ou árabe bilionário e aparecer com os petrodólares para comprar o clube. Isso é proibido. Dos 36 times da Bundesliga, 33 são controlados pelos seus próprios sócios-torcedores, que, pela regra, detêm 50% +1 das ações do clube.
 
Apenas o Bayer Leverkusen (da indústria química Bayer) e o Wolfsburg (da montadora Volkswagen) possuem donos, mas isso porque foram fundados pela iniciativa privada e são bancados pelas respectivas empresas. Em outro caso, o Hoffenheim é mantido pelo magnata Dietmar Hopp, fundador da empresa de tecnologia alemã SAP e mecenas do clube.
 
Pesquisa Alemã sobre o Futebol latino americano.
 
Em dois anos de estudos foram feitas meticulosas pesquisas por universidades alemães, combinadas com as observações e preparativos, garantiram uma vantagem contra os pentacampeões brasileiros que jogaram em casa nas semifinais da Copa do Mundo 2014.
 
A Alemanha se beneficiou de uma enorme base de dados organizada por cerca de 50 estudantes da universidade de esporte de Colônia pelo últimos dois anos, disse o auxiliar técnico Hansi Flick.
 
As informações compiladas, somadas aos relatórios dos chamados "olheiros", têm sido usadas para analisar detalhadamente o Brasil e seus jogadores.
 
"Os estudantes de esportes em Colônia têm estudado aos mínimos detalhes nosso adversário e colocaram cada jogada feita por eles, todo artigo escrito sobre eles, e tudo que já foi divulgado sobre eles sob o microscópio e disponibilizaram todos esses dados a nós", disse Flick na base da Alemanha no Brasil, na Bahia.
 
Universidade de Esportes de Colônia na Alemanha
 
 
"Temos essa base de dados imensa da qual podemos partir, junto com nossos olheiros, somos capazes de observar de perto nosso adversário e traçar nossos planos para a partida. É um projeto no qual temos trabalhado intensivamente pelos últimos dois anos. Fomos capazes de compilar algumas informações de qualidade ótima a partir dos dados dos estudantes. Nos ajudou muito a nos prepararmos", acrescentou.
 
A Alemanha tem recorrido aos estudantes da universidade de esportes de Colônia cada vez mais nos últimos dez anos.
 
O ex-técnico da Alemanha Jürgen Klismann foi o primeiro a lançar mão dos dados acumulados pelos estudantes, a maior parte deles entusiastas de futebol animados em trabalhar num projeto que pode ajudar, mesmo que de uma maneira mínima, a conquista de um título mundial.


Fonte: http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/07/07/alemanha-usa-pesquisa-academica-em-plano-de-jogo-contra-brasil.htm

http://copadomundo.ig.com.br/2014-07-12/frutos-da-revolucao-do-futebol-alemao-sao-colhidos-na-copa-do-mundo-no-brasil.html

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