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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

'A pior coisa é você perguntar as horas e a pessoa esconder a bolsa', diz Emicida sobre racismo no Brasil


Leandro Roque de Oliveira era chamado de "macaco" pelos colegas de escola. Não raro, o seu cabelo crespo era alvo de chacota. Dava raiva, mas ele não sabia como responder – então, dava socos. Até se cansar de brigar e abandonar a escola na terceira série.
Os anos passaram, e Leandro virou Emicida. E, agora, tem na ponta da língua a resposta para os comentários que ouvia na escola – e que ainda são frequentes. O 'matador de MCs' – origem do apelido "Emicida" – usa o rap para "matar" aos poucos o racismo que ele mesmo ainda sente na pele "toda vez que vai pegar um táxi".
"Em geral, as pessoas não conseguem entender o que é. A pior coisa do mundo é alguém ter medo de você, e você não representa ameaça nenhuma para essa pessoa. Você chegar para perguntar que horas são, e a pessoa esconder a bolsa", disse o rapper em entrevista à BBC Brasil.
"Para mim, o racismo é o tema mais urgente hoje no Brasil."
Nascido em um bairro pobre da zona norte de São Paulo, o rapper conta que cresceu "zombando da morte" em um ambiente onde ser abordado – e até agredido – pela polícia era coisa corriqueira. "Era tão normal, que a gente falava disso e ria depois", diz.
"Salvo pelo hip hop e pela leitura", segundo ele próprio, o rapper não quis se distanciar da realidade que canta em sua música e hoje mantém a sua gravadora independente – "Laboratório Fantasma" – em Santana, perto da "quebrada" onde nasceu.
Agora que acumula milhões de visualizações em clipes no YouTube e faz shows até na Europa, Emicida se sente na obrigação de falar sobre racismo.

"Todo mundo está acostumado, na realidade brasileira, a ver os pretos numa prisão perpétua atrás de uma vassoura", afirma.

No novo álbum, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, Emicida é veemente nas críticas ao racismo, especialmente na música Boa Esperança, que teve um polêmico clipe mostrando uma rebelião de empregados domésticos contra patrões em uma mansão. O disco também mergulha na cultura africana, que Emicida foi conhecer de perto na viagem ao continente e que lhe serviu de inspiração.
No papo com a BBC Brasil, o rapper falou sobre racismo, política, redução da maioridade penal e a chacina que deixou 18 mortos na periferia de São Paulo no mês passado, entre outros temas.

BBC Brasil - Você cresceu na periferia em um ambiente violento. Como isso influenciou a sua vida e o seu trabalho?
Emicida - Eu nasci num bairro chamado Jardim Fontalis (zona norte paulistana), bem pobrinho. Meu pai morreu quando eu tinha seis anos, minha mãe se viu obrigada a criar a gente sozinha, eu mais três irmãos. Hoje é um bairro que tem bastante gente, asfalto recente se for ver, lojas, casas, mas quando cresci não tinha nada. Cresci ali, como eu falo na música, zombando da morte, andando no meio do fio da navalha.
Só que acho que o que salvou a minha vida foram duas coisas, o hip hop e a leitura, as histórias em quadrinhos. A leitura começou a abrir um outro universo para mim. Aquilo começou a ocupar meu tempo de uma maneira tão grande, que eu comecei a me afastar dos "bagulho ruim" que tinha em volta.

BBC Brasil - Você já disse que era comum para você ver violência ao seu redor e que era comum ver corpos com sangue nas ruas. Como foi viver isso na infância?
Emicida - Acho que quando você nasce num bairro violento, a pior coisa que aquele ambiente faz para você é destruir a sua humanidade. E isso é uma coisa que é incomensurável, não tem como você quantificar o quanto de compaixão aquela pessoa perdeu por estar em um ambiente muito agressivo. A gente está falando de uma vida num barraco onde, do lado, o cara batia na mulher dele e você ouvia tudo aquilo com quatro anos de idade.
De repente você desce a escada e tem uma poça de sangue no corredor e você fica, tipo, mano… Só que hoje, olhando daqui, desse ambiente com a barriga cheia, com a internet rápida, com a cama quentinha, você fala mano, isso é muito bizarro, uma criança não devia estar ali. Só que naquela época, tudo isso era muito normal.
Esse negócio de sair para ir para escola e ter um corpo morto e você pular aquele corpo e seguir como um dia comum era normal. Se você vir isso nos Jardins (bairro nobre de São Paulo), a pessoa tem que fazer terapia. Com nós, é normal.
Infelizmente, é tão corriqueiro, que você acaba não dando a importância que aquilo tem, não dá mais o desespero que aquilo dá. Você assiste a essa situação com uma calmaria que é assustadora. E assusta porque aí a vida vale menos. Isso é um alimento muito grande para a violência urbana, porque aí a molecada cresce como? A vida de ninguém tem valor.
BBC Brasil - Você é um crítico veemente sobre o racismo no Brasil. Como foi para você crescer como negro, pobre, em uma comunidade? Que tipo de problema você enfrentou?
Emicida -Você parte do princípio de que a sua vida não vale nada. Sua vida não vale nada para você, e muito menos para polícia. Eu cresci numa pá de abordagem violenta. Tudo isso era muito normal, você ser abordado pela polícia, ser desrespeitado, agredido, era tão normal que a gente falava disso e a gente ria depois. Para você ver o quão doentia era – era não, é – a nossa realidade.
Porque hoje é a mesma coisa, é pior até porque hoje é mais normal, e você não pode nem reclamar disso. Porque no Brasil, quando você vai apontar um problema, você é taxado de vitimista. "Ai, está se fazendo de vítima." Eu não estou me fazendo de vítima, eu fui vítima de agressão policial. Tem o lema do país de que "bandido bom é bandido morto", mas isso aí só serve para pobre. Por isso, eu bato na tecla do racismo.
Não tem como você não olhar para todo esse problema e não ver que tem um recorte étnico por trás disso. Não dá para você olhar para a maneira como a escravidão foi abolida no Brasil e acreditar que a partir dali a gente vai estar criando um país pacífico. Criou-se uma ideia de cordialidade, que na verdade não é cordial p* nenhuma.
Porque você tem um país que mata 55 mil pessoas num ano… Tem país que está em guerra que mata menos. E aí você vem falar para mim que o brasileiro é um povo cordial? O brasileiro acredita que é um povo cordial para fugir dos assuntos urgentes que ele tem no dia a dia. Mas o brasileiro é um povo agressivo. Essa violência tem base no racismo, no machismo, na homofobia, na própria diferença econômica das pessoas.

BBC Brasil - No seu novo clipe, Boa Esperança, você retratou uma revolta de empregados domésticos contra seus patrões. Como se desenvolveu a ideia?
Emicida - O rico não lava o próprio banheiro nunca. É uma metáfora foda. O Brasil vai ser primeiro mundo quando as pessoas tiverem consciência de que lavar o próprio banheiro não faz delas menos humanas. Boa Esperança é sobre isso. Sobre esse buraco, essa ligação que a gente ainda tem com o serviço doméstico e a escravidão.
Para mim, é um tema urgente. Você tem um país que não se assume racista, mas você vai na faculdade de medicina e não tem um preto. E aí as pessoas vão para uma roda de samba no fim de semana numa favela onde tem vários pretos e eles se orgulham da diversidade desse país. Mas elas não cobram essa mesma diversidade durante a semana na universidade de medicina, no escritório, nos cargos mais altos do emprego deles.
Todo mundo está acostumado na realidade brasileira a ver os pretos numa prisão perpétua atrás de uma vassoura. Isso começa a mudar – há muito tempo, claro, tem muita gente lutando para que isso mude antes de mim, mas infelizmente não é mais comum do que a gente gostaria que fosse.

BBC Brasil - O clipe é bastante agressivo, e você recebeu algumas críticas de que poderia incitar a violência. Você teve algum medo disso?
Emicida - Não. Em momento nenhum. Vou te passar algumas situações. Eu sou uma pessoa que circula pela cidade. Eu venho lá do Fontalis, passo pelo Cachoeira, Vila Zilda, de repente, vou fazer uma coisa lá nos Jardins, filmar, fotografar, ou até mesmo fazer um rolê com meus amigos. E é impressionante como quando eu saio da beirada da cidade, eu vejo mais pessoas pretas e quando eu chego no Jardins tem, tipo, eu. Só. Entendeu? Isso é agressivo.
Quando eu estou gravando na periferia de São Paulo e eu vejo a diversidade do Brasil e, de repente, quando eu vou para um lugar onde o dinheiro está presente e aí todas as peles mais escuras desaparecem, isso é agressivo, isso me agride, isso me deixa triste. Quando eu sento numa reunião com uma empresa, com uma marca, que eu chego lá, e os únicos pretos sou e o meu irmão Fióti, que trabalha comigo, isso é agressivo, isso é violento. Boa Esperança eu não acho nem um pouco violento.
É um clipe denso. E por que ele deixa todo mundo de cabelo em pé? Porque todo mundo vê aquilo todo dia, sacou? Todo mundo sabe o quanto aquilo é real, só que ninguém toca no assunto. Porque a gente foi educado assim – "não, não fala desse negócio de racismo". Você vai chegar lá e todas as empregadas vão ser pretas, todos os garçons vão ser pretos, mas… é como sempre foi, entendeu? Aí quando chega alguém, principalmente um preto, e sugere que isso tá errado, ahhh menina! Aí é arrogância, aí é "agora eles querem tudo", aí tem a resposta que vem direto: "agora tudo é racismo". Só que sempre foi. Mas agora as pessoas não querem mais morrer caladas, entendeu?

BBC Brasil - Você foi à África antes de gravar esse disco buscando recuperar parte da conexão do Brasil com o continente africano. Quais influências trouxe de lá? O quão vivo você acha que ainda é o passado da escravidão no Brasil?
Emicida - Acho a realidade brasileira tem uma pá de lampejo da escravidão. Seja na relação da polícia com a sociedade e com a parte pobre da sociedade; seja na questão que a gente levanta no Boa Esperança, que é o trabalho doméstico; seja na relação patrão-funcionário, em que você tem um sistema de opressão no qual a pessoa acredita que, porque ela está te pagando, ela tem direito a muito mais coisa do que é a sua função naquele lugar.
Você tem vários tipos de assédio dentro do ambiente de trabalho, e eu acho que isso é decorrência de uma sociedade que não se desconectou completamente do "deixar de ser dono do outro". Por isso, acredito que as heranças da escravidão são completamente vivas, são muito fortes até hoje, no dia a dia do Brasil.
A gente foi para África com a intenção de restabelecer uma conexão que foi rompida há séculos, de uma maneira brusca, e a gente não teve como se conectar. Então, o branco que descende de espanhol fala "ah, meus parentes são da Espanha", e eu não posso dizer para você se meus parentes são de Moçambique, de Angola, da África do Sul… porque eles vieram trazidos à força, e os livros de registro sobre isso foram queimados, foram destruídos numa atitude de rancor de pessoas que discordavam da abolição da escravatura.

BBC Brasil - Você chegou a ver alguma evolução no problema do racismo no Brasil desde a sua infância até aqui?
Emicida - Senti mudança, eu vou ser injusto se eu disser que não. Existem muitas pessoas, o próprio movimento negro organizado, MNU, sabe? Gente como o pessoal da Bahia, do Quilombo Xis. Esses caras lutam e lutaram há muito tempo e com muita força e com muita inteligência para que eu possa levantar a minha cabeça.
Aqui em São Paulo, o hip hop fez a gente sentir orgulho da nossa cor, do nosso cabelo crespo, buscar conhecer mais sobre os nossos antepassados. Porque a cura para o racismo é o conhecimento, sabe? É isso. O que vai fazer com que as pessoas passem a se respeitar e a reconhecer a grandeza do outro é saber a origem daquelas pessoas.
Eu me sinto feliz, otimista de ver a molecada soltando o cabelo, as meninas se sentindo bonitas, querendo ser a Beyoncé agora. É uma parada que me orgulha muito. Eu cresci em um ambiente que era completamente diferente, onde a gente era xingado na rua e não sabia como revidar. Você trancava aquilo, voltava para casa triste e não podia reclamar, porque quem reclama é o fraquinho, e você não queria ser o fraquinho.
Na escola, eu tinha que dar soco todo dia. Aí chegou uma época na 3ª série, eu parei de estudar, parei de ir para escola porque falei: não vou ficar indo para escola para brigar todo dia porque os caras vão fazer piada do meu cabelo, vão me chamar de macaco. E eu não sabia responder. Porque eu não tinha conhecimento nenhum sobre mim, entendeu?
Todos os ambientes em que eu vivia, inclusive a favela, eram racistas. E lá tava cheio de preto, mas nós não sabíamos como nos defender desse tipo de agressão. A gente se sentia errado. Dentro desse universo aí, a gente tem uma série de conquistas.

BBC Brasil - Você relatou recentemente um episódio em que estava tentando pegar um táxi e foi vítima de racismo. Isso ainda é frequente na sua vida?
Emicida - Sofro porque eu não tenho carro até hoje, eu ando de bicicleta… e aí toda vez que isso acontece, tem alguém que fala: você já devia ter um carro…

BBC Brasil - Mas a saída é ter um carro?
Emicida - Então, mas é isso que eu falo... Pô, e aí? Você vai respeitar meu carro? Tem que respeitar a minha pessoa…
Todo mundo fala também: "você tinha que ter o Uber, você não usa o aplicativo?". Quer dizer, a gente não vai falar do racismo, a gente vai falar de como eu posso pegar um táxi, entendeu? Pô, eu tenho aplicativo de táxi, eu estou falando que eu estou andando na rua e o cara tem uma expectativa em mim de que eu vou assaltar ele, de que eu vou matar ele e... e eu só quero pegar um táxi, entendeu?
BBC Brasil - E isso acontece frequentemente?
Emicida - Aconteceria com mais frequência se eu pegasse mais táxi, entendeu? Mas é muito frequente. Se você tá de quebradinha aqui é uma coisa, mas se você vai para os bairros mais chiques, é muito frequente, muito comum.

BBC Brasil - Como você reage?
Emicida - Já tive ódio… às vezes eu fico bravo. Às vezes discuto, mas depende do dia. Quando estou mais bem-humorado, eu discuto. Hoje me dá uma tristeza.
Mas é uma coisa que, mano, em geral as pessoas não conseguem entender o que é, porque a pior coisa do mundo é alguém ter medo de você, e você não representa ameaça nenhuma para esta pessoa. A pessoa olhar para você e ver um monstro, e você está querendo pedir uma informação, sabe? Você chegar para perguntar que horas são, e a pessoa esconder a bolsa, sacou? É isso.
E isso acontece todo dia com nós, comigo… aí eu falo, comigo, que sou famoso, imagina com os caras que não estão com a cara na TV todo dia, entendeu? Aí os caras falam: "pô, mas você só fala disso, só fica batendo nessa tecla…" Mas se eu não falar, ninguém fala, entendeu?
Eu, que pelo menos cheguei até aqui, acho que tenho a obrigação de falar: mano, a gente tem que olhar um pouco para isso, tem um monte de gente morrendo por causa disso. Aí a vida vale menos, a vida dos pretos vale menos ainda. Por que que a polícia mata tanto na favela? Por que 77% das vítimas dos homicídios são pretos, sacou? Não dá para não fazer uma associação com racismo.

BBC Brasil - A política virou muito Fla-Flu no Brasil, criando um ódio muito grande por pessoas que pensam diferente. O que você acha disso?
Emicida - A gente volta naquele tema da cordialidade do brasileiro. A gente não é educado para discordar, e todos os que levantam o dedo para fazer uma simples pergunta, tipo, por que que isso não é desse jeito? Aí você é o agitador, você é o subversivo.
Na política, cada um tem seus interesses. E o povo assimilou isso da maneira mais errada. Porque aí misturou com a Copa do Mundo e trouxe esse clima aí do debate, do tipo "ou tá com nóis ou tá contra nóis".
Tipo... Nunca foi tão fácil tomar uma posição, principalmente num lugar como o Brasil. Não é tão simples assim. Aqui é muito mais complexo para você tomar uma posição política. Não é tipo: "ah, eles são a esquerda, eles são a direita". Tem várias camadas, várias nuances.
Dentro disso aí, a coisa mais burra que você pode fazer é falar: "ah, eu sou a verdade absoluta. Sigam-me". E a gente é educado dentro dessa cultura, dessa lógica. É ignorância, e isso para mim é um grande retrocesso. No Brasil, por um lado eu vejo a autoestima das pessoas caminhando no sentido do futuro, do século 21, mas por outro eu vejo a posição política e humana de várias lá em 1800 ainda.

BBC Brasil - Sobre a chacina em Osasco: o número de mortos em chacinas neste ano em São Paulo já supera o de chacinas no ano passado em todo no Estado. O que isso representa para você?
Emicida - Uma guerra. Olhando diretamente a gente está falando de uma guerra. Uma guerra declarada a uma região, a um grupo social étnico da região de um país.
Mas eu acho que a forma como isso reverbera também fala muito sobre a posição que o Brasil assume dentro disso. Esse negócio de ninguém tocar nesse assunto significa que quem fez isso não está sendo criminalizado. O que pode ser visto como um grande incentivo para que isso continue.
Esse é o grande problema. A discussão que não aconteceu. O problema do Brasil é o que não foi perguntado. É no silêncio que a gente morre. É na escuridão que a gente morre. E é nisso que a gente está agora.

BBC Brasil - Você tem feito campanha contra a redução da maioridade penal e rebatido a proposta  agora aprovada na Câmara dos Deputados. Por que você entrou na campanha?


Emicida - Porque não tem escola no meu bairro. Tem uma escola caindo aos pedaços e uma creche caindo aos pedaços. O dia em que tiver estrutura lá para os moleques serem outra coisa, aí eu vou achar da hora. Aí eu vou achar que vocês podem perguntar, propor a coisa que for, aí eu posso debater pensando nisso. Hoje, propor redução da maioridade penal é covardia.



sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Acústico do Nirvana completou 21 anos



Um dos álbuns mais icônicos do rock nos últimos anos, o MTV Unplugged in New York, completou 21 anos no último dia 1º. O disco foi gravado no dia 18 de novembro de 1993, nos estúdios da Sony, em Nova York, e só foi lançado no ano seguinte, após a morte do vocalista. Foi o último álbum gravado por Kurt em vida.

Como era de se esperar, devido ao sucesso estrondoso do grupo, o álbum já estreou em primeiro lugar na Billboard e ganhou certificados de disco de ouro em diversos países, incluindo o Brasil.


Curiosidades

O MTV Unplugged in New York é reconhecido também pelo cenário macabro, que faz alusão a um velório. A decoração, que incluía velas pretas e um lustre de cristal, foi sugerida pelo próprio vocalista.

Nessa época, Kurt já estava sofrendo com a pressão da fama. O abuso de drogas era tema recorrente de diversos tabloides e essa exposição excessiva incomodava bastante os integrantes. Cancelamentos de turnês por conta dos problemas de saúde do vocalista eram frequentes e a gravação do acústico se deu em meio a todo esse clima de tensão, que era perceptível até para o público. Segundo Charles R. Cross, jornalista e autor da biografia definitiva de Kurt, “Mais Pesado Que o Céu”, o público presente no show aplaudia fervorosamente cada canção e cada uma das poucas interações que Kurt fez com a plateia, tudo para demonstrar  apoio ao ídolo.

Nos bastidores, a tensão também era presente. Após o show, a banda e os produtores fizeram questão de reforçar para Kurt que a sua performance “foi espetacular”. Porém, não correspondendo às expectativas da mídia (que via Kurt como uma bomba relógio prestes a explodir), o vocalista parecia tranquilo e confiante durante toda a gravação.


Reconhecimento

A declaração de que “o show havia sido espetacular” não foi só uma forma de tranquilizar Kurt. Os jornalistas presentes na gravação já saíram do local com a certeza de que seria um álbum de sucesso. As versões mais lentas e melódicas das faixas aceleradas do Nirvana provaram que a banda era capaz de transcender o som “grunge” de Seattle (estilo que foi rotulado para a banda no início da carreira) e chegar a uma sonoridade completamente original.

O uso do violão elétrico, que antes era vetado pela MTV – afinal, tratava-se de um show “desplugado” – fez toda a diferença e provou que o Nirvana estava em um patamar de grande importância no mundo da  música. Nenhuma outra banda da época conseguiu ir contra as regras da poderosa MTV norte-americana. Além disso, a participação do Meat Puppets também não teria agradado a produção executiva da emissora, por ser uma banda considerada “menor”. Segundo os próprios integrantes, os produtores queriam nomes como Eddie Vedder na lista das participações, o que foi prontamente recusado por Kurt, que era fã declarado do Meat Puppets e fez questão da participação da banda no show.

Além disso, as versões do Nirvana para músicas do próprio Meat Puppets e também de David Bowie, The Vaselines e  Leadbelly imprimiram toda a personalidade da banda e conquistaram a plateia logo na primeira audição. Vale lembrar que, ao contrário de muitas bandas, que chegavam a repetir as músicas exaustivamente durante a gravação dos acústicos, o Nirvana gravou todo o set em um só take. Kurt chegou a se desentender com um produtor, que pediu que “Where Did You Sleep Last Night” fosse repetida, o que Kurt negou de prontidão, afirmando que “jamais conseguiria fazer uma versão perfeita para essa música”.
Curiosamente,  a performance passional e intensa de Kurt para faixa “Where Did You Sleep Last Night”, é uma das mais aclamadas até hoje.
O que muitos não sabem é que quase não havia um roteiro para guiar a gravação. Ao ouvir o álbum, pode-se perceber que Kurt, Dave Grohl,  Krist Novoselic e Pat Smear estavam bem à vontade e combinavam a ordem das músicas de  forma espontânea, de última hora.


The Man Who Sold The World

A versão de “The Man Who Sold The World”, sucesso de David Bowie, foi a parte mais surpreendente do set. Anos depois, inclusive, Bowie elogiou a versão do Nirvana, que chegou a ficar até mais famosa que a original. “Eu fiquei simplesmente lisonjeado quando descobri que Kurt Cobain gostava do meu trabalho, e sempre quis conversar com ele para saber as suas razões de fazer uma versão para ‘Man Who Sold the World.’ Foi uma boa interpretação: direta e soava de forma bastante honesta. Seria bem legal se tivesse trabalhado com ele”, afirmou em uma entrevista.


“Smeels Like Teen Spirit”

A interação entre os integrantes também chama muito a atenção no Acústico. Dave Grohl e sua personalidade extrovertida sempre transpareciam nos shows do Nirvana, e neste não foi diferente. Ele parecia ser uma das poucas pessoas capazes de arrancar sorrisos de Kurt. Prova disso é o momento, durante o show, em que Kurt pergunta qual será a próxima música. O baterista não perde a chance de fazer uma provocação: “que tal ‘Jeremy’?” (sucesso doPearl Jam). Foi um dos poucos momentos em que Kurt apareceu rindo na gravação.


Os momentos de descontração no estúdio, devidamente captados para a gravação do álbum, são registros que provam que o Nirvana poderia ir muito além dos problemas que os jornais de fofoca sugeriam. O acústico é para os fãs como uma despedida de Kurt Cobain, um dos últimos legados que o músico deixou em vida, provando que a banda ainda é capaz de influenciar várias gerações. “A voz de uma era”, como Kurt foi classificado nos anos 90, ainda ecoa, mesmo vinte anos depois.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Após vídeo, FOO FIGHTERS fará show em Cesena, na Itália; relembre



Parece que a mobilização dos fãs de Foo Fighters em Cesena, na Itália, deu resultado. Em julho, mil pessoas se reuniram para gravar um vídeo da música Learn to Fly. Os fãs reivindicavam um show da banda por lá. Nesta quinta-feira, 22, o líder da banda anunciou uma apresentação na cidade em 3 de novembro.

"Ver tanta gente dedicar tempo, esforço e amor para fazer música me levou às lágrimas. É difícil traduzir para palavras o quanto isso me deixou honrado. Foi, sem dúvidas, uma das mais bonitas experiências da minha vida", escreveu o vocalista Dave Grohl.


As cidades de Torino e Casalecchio di Reno também receberão a turnê mundial do Foo Fighters. Grohl terminou o anúncio com uma expressão na língua local: "Ci vediamo presto, Cesena! (Nos vemos em breve, Cesena!).






sábado, 24 de outubro de 2015

1989: O ano em que a música era tudo para todos nós.

Por Alberto Villas (Carta Capital)

O aiatolá Khomeini ofereceu 3 milhões de dólares pela cabeça do escritor Salman Rushdie, o autor dos Versos satânicos.Condenado à morte sem julgamento e recolhido em seu canto, Rushdie evitava até mesmo olhar pelo olho mágico da sua casa.

Pela televisão, o mundo assistia perplexo o muro de Berlim ruir. As placas de concreto iam desmoronando em meio a lágrimas, abraços, beijos e emoção. O Portão de Brandemburgo se abriu, e Berlim virou uma festa.

Em Pequim, um chinês solitário enfrentava uma coluna de tanques indo pra lá e pra cá, evitando que eles avançassem sobre os estudantes em revolta numa praça cujo nome é Paz Celestial. A fotografia rodou o mundo, virou símbolo da resistência. Muita gente tentou mas ninguém nunca localizou o tal chinês.

O mundo perdia um grande escritor irlandês, o modernista Samuel Beckett, autor da peça Happy Days. E o planeta ficava um pouco menos surrealista sem o pintor espanhol Salvador Dalí.

O ditador romeno Nicolae Ceausescu era perseguido a paus, pedras e balas, numa caçada feroz até ser abatido a tiros. O seu corpo ficou ali caído no chão, exposto à visitação pública e em todos os canais de televisão, ao vivo e em cores.

Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, voava para Boston na esperança de estancar o avanço do vírus da Aids. Um esqueleto, cabelo fino e andando de cadeira de rodas, bandana na cabeça, ele resistia. Mas para a revista Veja, que o estampou em sua capa, ele agonizava em praça pública.

O disco Burguesia chegava às lojas com o seu grito de guerra logo na primeira faixa: “A burguesia fede/A burguesia quer ficar rica/E enquanto houver burguesia/Não vai haver poesia”.

Mas era na faixa de número 10 que Cazuza revelava ter se transformado numa cobaia de Deus: “Se você quer saber como eu me sinto/Vá a um laboratório, ou num labirinto/Seja atropelado por esse trem da morte/ Vá ver as cobaias de Deus/Andando na rua, pedindo perdão/Vá a uma igreja qualquer/Pois lá se desfazem em sermão/Me sinto uma cobaia, um rato enorme/Nas mãos de Deus mulher/De um Deus de saia/Cagando e andando/Vou ver o ET/Ouvir um cantor de blues/Em outra encarnação”.
A música quase não tocou nas rádios. Havia um silêncio também em torno da canção Azul e Amarelo, que Cazuza compusera com Lobão e o outro Agenor, o de Oliveira, o Cartola: “Anjo bom, anjo mau/Anjos existem/E são meus inimigos/E são amigos meus/E as fadas/As fadas também existem/São minhas namoradas”.

Cazuza ainda usava as últimas forças que tinha para cantar uma velha canção de Caetano Veloso que ficou imortalizada na voz de Maria Bethânia: “Ah, esse cara tem me consumido/A mim e a tudo que eu quis/Com seus olhinhos infantis/Como os olhos de um bandido”.

Éramos todos rock and roll. Por aqui dançávamos nas cavernas ao som da Plebe Rude, do Capital Inicial, do RPM, do Barão Vermelho, dos Paralamas do Sucesso, dos Titãs do Iê-Iê-Iê, do Camisa de Vênus, que teve seu nome vetado na Rede Globo de Televisão. Camisa de Vênus, não! Simplesmente Camisa, sim!

Enquanto o Ultraje a Rigor decretava que “a gente somos inútil, a gente não sabemos votar pra presidente”, viajávamos ao som da banda Fellini e Violeta de Outono. Curtíamos o Rumo, o Premeditando o Breque, a Língua de Trapo. Nos divertíamos também com Eduardo Dusek cantando no banheiro, com o Kid Abelha, o João Penca e os Miquinhos Amestrados, e a Blitz: “Ok, você venceu! Batata frita!” Radicalizávamos com os Ratos de Porão, o Olho Seco, os Inocentes e uma epidemia de Cólera.

Nos lugares mais sofisticados, a história era outra. New Order com Technique, The Cure com Desintegration, Depeche Mode com 101 e Pixies com Doolittle.

Escondido e no meio dessa confusão, eu redescobria as canções de Paul Simon e Art Garfunkel: The sound of silence sound. E, ligeiramente desesperado, acompanhava a rouquidão de Tom Waits em Raindog.

Éramos todos rock em roll quando paramos para ouvir o Eterno Deus Mu Dança. “Não era carnaval, nem São João. Nenhum balão no céu, nem luar no sertão. Nenhuma foto no jornal, nenhuma nota na coluna social. Nenhuma múmia se mexeu, nenhum milagre da ciência aconteceu. Nenhum motivo nem razão. Quando a saudade vem, não tem explicação”.
Éramos todos rock and roll quando fomos interrompidos por Marisa Monte cantando Andomeio desligado, Chocolate e o Xote das meninas. Era a volta da daquela asa branca à minha vida.

Apareciam novas meninas no pedaço. A sensação era Adriana Calcanhoto cantando Pão doce: “Não adianta mentir pra mim mesma/Ficar me enganando tentando dizer/Que nunca na vida, nunca na vida eu gostei de pão doce/Porque por mais que eu queira esconder/A verdade é que eu adorava pão doce”.

Mas um dia, quem chegou de repente foi Mauro e Quitéria. Os dois cantadores vinham caminhando pela praia da Boa Viagem, no Recife, quando os meninos dos Titanguesouviram aquele som estranho. Correram para buscar um gravador e registrar aquela cantoria embolada e sem fim pra colocar num disquinho, lá em São Paulo.

Era uma cantoria meio sem nexo para nós, mas com pé e cabeça para os dois que entendiam sua língua muito particular. Para bom entendedor, meia palavra bastava: “Õ Blésq Blom, um sucesso na tela do cinema”.

Foi Oscar Rodrigues Alves quem captou e registrou toda a história. Os Titangues eram os Titãs que resolveram, sim, abrir o disco Õ Blésq Blom com Mauro e Quitéria cantando na praia da Boa Viagem, para em seguida soltar o grito de guerra: “Miséria é miséria em qualquer canto/Riquezas são diferentes/Índio mulato preto branco/Miséria é miséria em qualquer canto”.

Os rocks vinham em seguida, um atrás do outro, até chegar num labirinto de dúvidas: “Há uma questão que há muito tempo me incomoda/Qual será a vantagem de se ter uma ou duas corcovas/O que iremos formular é somente um questionário/Qual diferença haverá entre o camelo e o dromedário”.
As rádios tocavam Angélica com Eu vou de táxi, Lulu Santos com Lua de mel, Luiz Caldas com Odé e Adão, Xuxa com Ilariê, Tim Maia com Onde está você, Paralamas com o Beco, Maria Bethânia com Tá combinado, Gonzaguinha com É e o Legião com Que país é esse?: “Nas favelas, no Senado/Sujeira pra todo lado/Ninguém respeita a Constituição? Mas todos acreditam no futuro da Nação”.


Fonte: (Carta Capital) - http://www.cartacapital.com.br/cultura/1989-2004.html?utm_content=bufferf56b5&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer

Festival MADA tem shows de Pitty, Nando Reis, Nação Zumbi e Gabriel, o Pensador

16ª edição do evento tem música e feira
Festival MADA (2015), em Natal-RN, está com programação musical intensa neste ano. O evento acontece nos dias 30 e 31 de outubro, na Arena das Dunas, e os ingressos para pista, já no terceiro lote, custam entre R$ 30 e R$ 60. A compra pode ser feita online.

A programação começa no dia 30, com PittyGabriel, o PensadorPlutão Já foi PlanetaVersalle, além do duo francês Juvenilis. Já no dia 31 rolam shows de Nando Reis, Scalene, Felipe Cordeiro e Camarones Orquestra Guitarrística.


Complementando o festival, acontece ainda o FeiraMix


Fonte: (Catraca Livre) - https://catracalivre.com.br/natal/bom-bonito-barato/gratis/pitty-nando-reis-e-plutao-ja-foi-planeta-confirmam-presenca-no-mada/

sábado, 10 de outubro de 2015

Festival DoSol anuncia programação 2015 com tour por 13 cidades, inclusive Caicó. Veja a programação dos evento aqui em Caicó.



O Festival DoSol anunciou nesta sexta-feira (9) a programação da edição 2015 do evento potiguar. Ao todo, o festival vai passar por 13 cidades do Nordeste com 214 shows, sempre com bandas potiguares, além das atrações nacionais e da França, Suécia e Portugal. O Festival DoSol 2015 acontece entre os dias 6 e 22 de novembro nas cidades de Natal, Parnamirim, Mossoró, Assu, Caicó, Currais Novos, Santa Cruz, todas no RN, além de Recife, Maceió, Salvador, João Pessoa, Campina Grande e Fernando de Noronha.
“Passamos sete anos testando o formato de circulação do festival e esse ano conseguimos finalmente fazer o que a gente sempre sonhou, que é transformar nossa plataforma numa grande via de circulação da música nova do Brasil. Isso só foi possível devido a uma enorme colaboração de produtores ligados à música independente em cada cidade por onde vamos passar”, disse Anderson Foca, um dos produtores do Festival DoSol.
A organização do festival estima a presença de mais de 25.000 pessoas em todas as datas do festival. Todos os detalhes da programação, datas, vendas online e informações adicionais podem ser encontradas no site oficial do Festival DoSol.
Saiba mais nesse LINK: http://festivaldosol.com.br/noticias

Confira a programação completa do festival em Caicó:

CAICÓ (RN)


SÁBADO, 21 DE NOVEMBRO, ILHA DE SANTANA, 18H

(Entrada Gratuita)
18H - MAD GRINDER (RN)
18H45 - FIVE MINUTES TO GO (RN)
19H30 - PLUTÃO JÁ FOI PLANETA (RN)
20H15 - BONES IN TRACTION (RN)

21H - CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA (RN)
21H45 - SON OF A WITCH (RN)
22H30 - KATAPHERO (RN)
23H15 - SERTÃO SANGRENTO (RN)
00H - AFTER PARTY (ELETRONIC MUSIC)


Fonte: Caicó Digital Notícias

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Rolling Stones podem fazer show no Arena Palmeiras em 2015

Segundo o site UOL a banda inglesa Rolling Stones podem fazer um show no novo estádio do Palmeiras, logo os fãs da vanda podem começar a se preparar para receberem Mick Jagger e companhia no Brasil. A banda tem uma turnê pela América do Sul marcada para o fim de fevereiro e início de março de 2015 e deve ser o primeiro grande show do estádio do Verdão. Embora ainda não há documentos assinados, o acordo é tratado como praticamente certo pelo fato da AEG ser a empresa responsável pela gestão do Allianz Parque e também das turnês da banda.
 
 
 
O site de cultura pop Popload, inclusive, já divulgou uma tabela com a lista de locais pelos quais Rolling Stones passarão e coloca o estádio palmeirense entre eles. O Maracanã, no Rio de Janeiro, e o Mineirão, em Belo Horizonte, são os outros dois palcos que também terão o show no Brasil. A Argentina é outro lugar dado como certo para a passagem deles. 
 
 
 
O estádio do Palmeiras está na sua fase final de construção e começará a receber eventos testes a partir do fim de agosto. A expectativa da alta cúpula da WTorre, construtora responsável pela arena, é que o primeiro jogo aconteça no fim de setembro, embora a assessoria de imprensa negue esta informação.