Palavras do Blog.


sexta-feira, 20 de novembro de 2015

'A pior coisa é você perguntar as horas e a pessoa esconder a bolsa', diz Emicida sobre racismo no Brasil


Leandro Roque de Oliveira era chamado de "macaco" pelos colegas de escola. Não raro, o seu cabelo crespo era alvo de chacota. Dava raiva, mas ele não sabia como responder – então, dava socos. Até se cansar de brigar e abandonar a escola na terceira série.
Os anos passaram, e Leandro virou Emicida. E, agora, tem na ponta da língua a resposta para os comentários que ouvia na escola – e que ainda são frequentes. O 'matador de MCs' – origem do apelido "Emicida" – usa o rap para "matar" aos poucos o racismo que ele mesmo ainda sente na pele "toda vez que vai pegar um táxi".
"Em geral, as pessoas não conseguem entender o que é. A pior coisa do mundo é alguém ter medo de você, e você não representa ameaça nenhuma para essa pessoa. Você chegar para perguntar que horas são, e a pessoa esconder a bolsa", disse o rapper em entrevista à BBC Brasil.
"Para mim, o racismo é o tema mais urgente hoje no Brasil."
Nascido em um bairro pobre da zona norte de São Paulo, o rapper conta que cresceu "zombando da morte" em um ambiente onde ser abordado – e até agredido – pela polícia era coisa corriqueira. "Era tão normal, que a gente falava disso e ria depois", diz.
"Salvo pelo hip hop e pela leitura", segundo ele próprio, o rapper não quis se distanciar da realidade que canta em sua música e hoje mantém a sua gravadora independente – "Laboratório Fantasma" – em Santana, perto da "quebrada" onde nasceu.
Agora que acumula milhões de visualizações em clipes no YouTube e faz shows até na Europa, Emicida se sente na obrigação de falar sobre racismo.

"Todo mundo está acostumado, na realidade brasileira, a ver os pretos numa prisão perpétua atrás de uma vassoura", afirma.

No novo álbum, Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, Emicida é veemente nas críticas ao racismo, especialmente na música Boa Esperança, que teve um polêmico clipe mostrando uma rebelião de empregados domésticos contra patrões em uma mansão. O disco também mergulha na cultura africana, que Emicida foi conhecer de perto na viagem ao continente e que lhe serviu de inspiração.
No papo com a BBC Brasil, o rapper falou sobre racismo, política, redução da maioridade penal e a chacina que deixou 18 mortos na periferia de São Paulo no mês passado, entre outros temas.

BBC Brasil - Você cresceu na periferia em um ambiente violento. Como isso influenciou a sua vida e o seu trabalho?
Emicida - Eu nasci num bairro chamado Jardim Fontalis (zona norte paulistana), bem pobrinho. Meu pai morreu quando eu tinha seis anos, minha mãe se viu obrigada a criar a gente sozinha, eu mais três irmãos. Hoje é um bairro que tem bastante gente, asfalto recente se for ver, lojas, casas, mas quando cresci não tinha nada. Cresci ali, como eu falo na música, zombando da morte, andando no meio do fio da navalha.
Só que acho que o que salvou a minha vida foram duas coisas, o hip hop e a leitura, as histórias em quadrinhos. A leitura começou a abrir um outro universo para mim. Aquilo começou a ocupar meu tempo de uma maneira tão grande, que eu comecei a me afastar dos "bagulho ruim" que tinha em volta.

BBC Brasil - Você já disse que era comum para você ver violência ao seu redor e que era comum ver corpos com sangue nas ruas. Como foi viver isso na infância?
Emicida - Acho que quando você nasce num bairro violento, a pior coisa que aquele ambiente faz para você é destruir a sua humanidade. E isso é uma coisa que é incomensurável, não tem como você quantificar o quanto de compaixão aquela pessoa perdeu por estar em um ambiente muito agressivo. A gente está falando de uma vida num barraco onde, do lado, o cara batia na mulher dele e você ouvia tudo aquilo com quatro anos de idade.
De repente você desce a escada e tem uma poça de sangue no corredor e você fica, tipo, mano… Só que hoje, olhando daqui, desse ambiente com a barriga cheia, com a internet rápida, com a cama quentinha, você fala mano, isso é muito bizarro, uma criança não devia estar ali. Só que naquela época, tudo isso era muito normal.
Esse negócio de sair para ir para escola e ter um corpo morto e você pular aquele corpo e seguir como um dia comum era normal. Se você vir isso nos Jardins (bairro nobre de São Paulo), a pessoa tem que fazer terapia. Com nós, é normal.
Infelizmente, é tão corriqueiro, que você acaba não dando a importância que aquilo tem, não dá mais o desespero que aquilo dá. Você assiste a essa situação com uma calmaria que é assustadora. E assusta porque aí a vida vale menos. Isso é um alimento muito grande para a violência urbana, porque aí a molecada cresce como? A vida de ninguém tem valor.
BBC Brasil - Você é um crítico veemente sobre o racismo no Brasil. Como foi para você crescer como negro, pobre, em uma comunidade? Que tipo de problema você enfrentou?
Emicida -Você parte do princípio de que a sua vida não vale nada. Sua vida não vale nada para você, e muito menos para polícia. Eu cresci numa pá de abordagem violenta. Tudo isso era muito normal, você ser abordado pela polícia, ser desrespeitado, agredido, era tão normal que a gente falava disso e a gente ria depois. Para você ver o quão doentia era – era não, é – a nossa realidade.
Porque hoje é a mesma coisa, é pior até porque hoje é mais normal, e você não pode nem reclamar disso. Porque no Brasil, quando você vai apontar um problema, você é taxado de vitimista. "Ai, está se fazendo de vítima." Eu não estou me fazendo de vítima, eu fui vítima de agressão policial. Tem o lema do país de que "bandido bom é bandido morto", mas isso aí só serve para pobre. Por isso, eu bato na tecla do racismo.
Não tem como você não olhar para todo esse problema e não ver que tem um recorte étnico por trás disso. Não dá para você olhar para a maneira como a escravidão foi abolida no Brasil e acreditar que a partir dali a gente vai estar criando um país pacífico. Criou-se uma ideia de cordialidade, que na verdade não é cordial p* nenhuma.
Porque você tem um país que mata 55 mil pessoas num ano… Tem país que está em guerra que mata menos. E aí você vem falar para mim que o brasileiro é um povo cordial? O brasileiro acredita que é um povo cordial para fugir dos assuntos urgentes que ele tem no dia a dia. Mas o brasileiro é um povo agressivo. Essa violência tem base no racismo, no machismo, na homofobia, na própria diferença econômica das pessoas.

BBC Brasil - No seu novo clipe, Boa Esperança, você retratou uma revolta de empregados domésticos contra seus patrões. Como se desenvolveu a ideia?
Emicida - O rico não lava o próprio banheiro nunca. É uma metáfora foda. O Brasil vai ser primeiro mundo quando as pessoas tiverem consciência de que lavar o próprio banheiro não faz delas menos humanas. Boa Esperança é sobre isso. Sobre esse buraco, essa ligação que a gente ainda tem com o serviço doméstico e a escravidão.
Para mim, é um tema urgente. Você tem um país que não se assume racista, mas você vai na faculdade de medicina e não tem um preto. E aí as pessoas vão para uma roda de samba no fim de semana numa favela onde tem vários pretos e eles se orgulham da diversidade desse país. Mas elas não cobram essa mesma diversidade durante a semana na universidade de medicina, no escritório, nos cargos mais altos do emprego deles.
Todo mundo está acostumado na realidade brasileira a ver os pretos numa prisão perpétua atrás de uma vassoura. Isso começa a mudar – há muito tempo, claro, tem muita gente lutando para que isso mude antes de mim, mas infelizmente não é mais comum do que a gente gostaria que fosse.

BBC Brasil - O clipe é bastante agressivo, e você recebeu algumas críticas de que poderia incitar a violência. Você teve algum medo disso?
Emicida - Não. Em momento nenhum. Vou te passar algumas situações. Eu sou uma pessoa que circula pela cidade. Eu venho lá do Fontalis, passo pelo Cachoeira, Vila Zilda, de repente, vou fazer uma coisa lá nos Jardins, filmar, fotografar, ou até mesmo fazer um rolê com meus amigos. E é impressionante como quando eu saio da beirada da cidade, eu vejo mais pessoas pretas e quando eu chego no Jardins tem, tipo, eu. Só. Entendeu? Isso é agressivo.
Quando eu estou gravando na periferia de São Paulo e eu vejo a diversidade do Brasil e, de repente, quando eu vou para um lugar onde o dinheiro está presente e aí todas as peles mais escuras desaparecem, isso é agressivo, isso me agride, isso me deixa triste. Quando eu sento numa reunião com uma empresa, com uma marca, que eu chego lá, e os únicos pretos sou e o meu irmão Fióti, que trabalha comigo, isso é agressivo, isso é violento. Boa Esperança eu não acho nem um pouco violento.
É um clipe denso. E por que ele deixa todo mundo de cabelo em pé? Porque todo mundo vê aquilo todo dia, sacou? Todo mundo sabe o quanto aquilo é real, só que ninguém toca no assunto. Porque a gente foi educado assim – "não, não fala desse negócio de racismo". Você vai chegar lá e todas as empregadas vão ser pretas, todos os garçons vão ser pretos, mas… é como sempre foi, entendeu? Aí quando chega alguém, principalmente um preto, e sugere que isso tá errado, ahhh menina! Aí é arrogância, aí é "agora eles querem tudo", aí tem a resposta que vem direto: "agora tudo é racismo". Só que sempre foi. Mas agora as pessoas não querem mais morrer caladas, entendeu?

BBC Brasil - Você foi à África antes de gravar esse disco buscando recuperar parte da conexão do Brasil com o continente africano. Quais influências trouxe de lá? O quão vivo você acha que ainda é o passado da escravidão no Brasil?
Emicida - Acho a realidade brasileira tem uma pá de lampejo da escravidão. Seja na relação da polícia com a sociedade e com a parte pobre da sociedade; seja na questão que a gente levanta no Boa Esperança, que é o trabalho doméstico; seja na relação patrão-funcionário, em que você tem um sistema de opressão no qual a pessoa acredita que, porque ela está te pagando, ela tem direito a muito mais coisa do que é a sua função naquele lugar.
Você tem vários tipos de assédio dentro do ambiente de trabalho, e eu acho que isso é decorrência de uma sociedade que não se desconectou completamente do "deixar de ser dono do outro". Por isso, acredito que as heranças da escravidão são completamente vivas, são muito fortes até hoje, no dia a dia do Brasil.
A gente foi para África com a intenção de restabelecer uma conexão que foi rompida há séculos, de uma maneira brusca, e a gente não teve como se conectar. Então, o branco que descende de espanhol fala "ah, meus parentes são da Espanha", e eu não posso dizer para você se meus parentes são de Moçambique, de Angola, da África do Sul… porque eles vieram trazidos à força, e os livros de registro sobre isso foram queimados, foram destruídos numa atitude de rancor de pessoas que discordavam da abolição da escravatura.

BBC Brasil - Você chegou a ver alguma evolução no problema do racismo no Brasil desde a sua infância até aqui?
Emicida - Senti mudança, eu vou ser injusto se eu disser que não. Existem muitas pessoas, o próprio movimento negro organizado, MNU, sabe? Gente como o pessoal da Bahia, do Quilombo Xis. Esses caras lutam e lutaram há muito tempo e com muita força e com muita inteligência para que eu possa levantar a minha cabeça.
Aqui em São Paulo, o hip hop fez a gente sentir orgulho da nossa cor, do nosso cabelo crespo, buscar conhecer mais sobre os nossos antepassados. Porque a cura para o racismo é o conhecimento, sabe? É isso. O que vai fazer com que as pessoas passem a se respeitar e a reconhecer a grandeza do outro é saber a origem daquelas pessoas.
Eu me sinto feliz, otimista de ver a molecada soltando o cabelo, as meninas se sentindo bonitas, querendo ser a Beyoncé agora. É uma parada que me orgulha muito. Eu cresci em um ambiente que era completamente diferente, onde a gente era xingado na rua e não sabia como revidar. Você trancava aquilo, voltava para casa triste e não podia reclamar, porque quem reclama é o fraquinho, e você não queria ser o fraquinho.
Na escola, eu tinha que dar soco todo dia. Aí chegou uma época na 3ª série, eu parei de estudar, parei de ir para escola porque falei: não vou ficar indo para escola para brigar todo dia porque os caras vão fazer piada do meu cabelo, vão me chamar de macaco. E eu não sabia responder. Porque eu não tinha conhecimento nenhum sobre mim, entendeu?
Todos os ambientes em que eu vivia, inclusive a favela, eram racistas. E lá tava cheio de preto, mas nós não sabíamos como nos defender desse tipo de agressão. A gente se sentia errado. Dentro desse universo aí, a gente tem uma série de conquistas.

BBC Brasil - Você relatou recentemente um episódio em que estava tentando pegar um táxi e foi vítima de racismo. Isso ainda é frequente na sua vida?
Emicida - Sofro porque eu não tenho carro até hoje, eu ando de bicicleta… e aí toda vez que isso acontece, tem alguém que fala: você já devia ter um carro…

BBC Brasil - Mas a saída é ter um carro?
Emicida - Então, mas é isso que eu falo... Pô, e aí? Você vai respeitar meu carro? Tem que respeitar a minha pessoa…
Todo mundo fala também: "você tinha que ter o Uber, você não usa o aplicativo?". Quer dizer, a gente não vai falar do racismo, a gente vai falar de como eu posso pegar um táxi, entendeu? Pô, eu tenho aplicativo de táxi, eu estou falando que eu estou andando na rua e o cara tem uma expectativa em mim de que eu vou assaltar ele, de que eu vou matar ele e... e eu só quero pegar um táxi, entendeu?
BBC Brasil - E isso acontece frequentemente?
Emicida - Aconteceria com mais frequência se eu pegasse mais táxi, entendeu? Mas é muito frequente. Se você tá de quebradinha aqui é uma coisa, mas se você vai para os bairros mais chiques, é muito frequente, muito comum.

BBC Brasil - Como você reage?
Emicida - Já tive ódio… às vezes eu fico bravo. Às vezes discuto, mas depende do dia. Quando estou mais bem-humorado, eu discuto. Hoje me dá uma tristeza.
Mas é uma coisa que, mano, em geral as pessoas não conseguem entender o que é, porque a pior coisa do mundo é alguém ter medo de você, e você não representa ameaça nenhuma para esta pessoa. A pessoa olhar para você e ver um monstro, e você está querendo pedir uma informação, sabe? Você chegar para perguntar que horas são, e a pessoa esconder a bolsa, sacou? É isso.
E isso acontece todo dia com nós, comigo… aí eu falo, comigo, que sou famoso, imagina com os caras que não estão com a cara na TV todo dia, entendeu? Aí os caras falam: "pô, mas você só fala disso, só fica batendo nessa tecla…" Mas se eu não falar, ninguém fala, entendeu?
Eu, que pelo menos cheguei até aqui, acho que tenho a obrigação de falar: mano, a gente tem que olhar um pouco para isso, tem um monte de gente morrendo por causa disso. Aí a vida vale menos, a vida dos pretos vale menos ainda. Por que que a polícia mata tanto na favela? Por que 77% das vítimas dos homicídios são pretos, sacou? Não dá para não fazer uma associação com racismo.

BBC Brasil - A política virou muito Fla-Flu no Brasil, criando um ódio muito grande por pessoas que pensam diferente. O que você acha disso?
Emicida - A gente volta naquele tema da cordialidade do brasileiro. A gente não é educado para discordar, e todos os que levantam o dedo para fazer uma simples pergunta, tipo, por que que isso não é desse jeito? Aí você é o agitador, você é o subversivo.
Na política, cada um tem seus interesses. E o povo assimilou isso da maneira mais errada. Porque aí misturou com a Copa do Mundo e trouxe esse clima aí do debate, do tipo "ou tá com nóis ou tá contra nóis".
Tipo... Nunca foi tão fácil tomar uma posição, principalmente num lugar como o Brasil. Não é tão simples assim. Aqui é muito mais complexo para você tomar uma posição política. Não é tipo: "ah, eles são a esquerda, eles são a direita". Tem várias camadas, várias nuances.
Dentro disso aí, a coisa mais burra que você pode fazer é falar: "ah, eu sou a verdade absoluta. Sigam-me". E a gente é educado dentro dessa cultura, dessa lógica. É ignorância, e isso para mim é um grande retrocesso. No Brasil, por um lado eu vejo a autoestima das pessoas caminhando no sentido do futuro, do século 21, mas por outro eu vejo a posição política e humana de várias lá em 1800 ainda.

BBC Brasil - Sobre a chacina em Osasco: o número de mortos em chacinas neste ano em São Paulo já supera o de chacinas no ano passado em todo no Estado. O que isso representa para você?
Emicida - Uma guerra. Olhando diretamente a gente está falando de uma guerra. Uma guerra declarada a uma região, a um grupo social étnico da região de um país.
Mas eu acho que a forma como isso reverbera também fala muito sobre a posição que o Brasil assume dentro disso. Esse negócio de ninguém tocar nesse assunto significa que quem fez isso não está sendo criminalizado. O que pode ser visto como um grande incentivo para que isso continue.
Esse é o grande problema. A discussão que não aconteceu. O problema do Brasil é o que não foi perguntado. É no silêncio que a gente morre. É na escuridão que a gente morre. E é nisso que a gente está agora.

BBC Brasil - Você tem feito campanha contra a redução da maioridade penal e rebatido a proposta  agora aprovada na Câmara dos Deputados. Por que você entrou na campanha?


Emicida - Porque não tem escola no meu bairro. Tem uma escola caindo aos pedaços e uma creche caindo aos pedaços. O dia em que tiver estrutura lá para os moleques serem outra coisa, aí eu vou achar da hora. Aí eu vou achar que vocês podem perguntar, propor a coisa que for, aí eu posso debater pensando nisso. Hoje, propor redução da maioridade penal é covardia.



Olimpíadas Rio 2016: o Brasil corre risco de sofrer um ataque do Estado Islâmico?



De 5 a 21 de agosto de 2016 serão disputados os Jogos Olímpicos do Rio. A expectativa é que 4,8 bilhões de pessoas no mundo assistam à transmissão do evento, que vai reunir 15 mil atletas de 225 países e deve atrair 500 mil turistas ao país. Restando menos de um ano para a maior disputa esportiva do planeta, os ataques ocorridos em Paris acenderam um debate sobre a segurança antiterrorismo, especialmente nos países que combatem o Estado Islâmico. Neste momento de tensão internacional, o Brasil, como sede das Olimpíadas, corre algum risco de sofrer um ataque terrorista?

“Existe um risco concreto para todas as nações que tenham relações com os países ocidentais que desenvolvem ações no Oriente Médio. O Brasil participa das forças de paz no Líbano, ou seja, tem atuação direta no cenário onde os problemas ocorrem”, alerta Leandro Piquet, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP.

“Apesar de o Brasil ser um país que não costuma se envolver em guerras internacionais, as Olimpíadas podem, sim, ser uma vitrine para os terroristas. Mas desde Pequim-2008 as regras para entrada em arenas e na Vila Olímpica são rígidas, o know-how adquirido desde então garante um alto nível de segurança”, opina Adalberto Leister Filho, jornalista esportivo e professor da FAAP.


Casos históricos

Nos Jogos Olímpicos de Munique (1972) e Atlanta (1996) aconteceram atentados. Na Alemanha, oito palestinos do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e fizeram 11 atletas da delegação israelense reféns. Durante a operação policial, todos acabaram mortos pelos terroristas. Em Atlanta, a bomba que explodiu no Centennial Olympic Park, a poucos metros da Vila Olímpica, matou duas pessoas e feriu outras 112. O atentado não foi assumido por nenhuma organização radical, mas, anos depois, o suspeito Eric Robert Rudolph, admirador de grupos religiosos extremistas, foi julgado e condenado pelo crime.

Algo semelhante é praticamente impossível de acontecer novamente, segundo os especialistas. “Na época, os membros do Setembro Negro pularam o muro da Vila vestidos com casacos esportivos e não foram parados pela segurança, que achou que eram atletas voltando da balada. Agora é preciso ter a credencial, há um cuidado muito maior”, afirma Adalberto. “Munique foi um aprendizado, hoje o mundo está muito mais preparado. O Brasil passou bem pela Copa do Mundo e deve contar com vários sistemas de segurança para prevenir ataques”, avalia Piquet.


Estamos preparados?

Os ataques em Paris atestaram o poder de adaptação do Estado Islâmico. O grupo terrorista mostrou-se capaz de driblar os serviços de inteligência de uma grande potência e ceifou vidas inocentes em uma das maiores metrópoles do mundo. Para Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional e coordenador do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, o EI é difícil de ser combatido porque é imprevisível. “Ataques em aeroportos, aviões, arenas e até mesmo na Vila Olímpica parecem improváveis, há um grande preparo para esse tipo de evento. Mas o Estado Islâmico preocupa porque pode atacar restaurantes, bares e casas de shows deliberadamente”, diz.

Segundo Piquet, o Brasil tem tropas especiais bem preparadas, mas faltam protocolos de integração entre as polícias. “Temos um problema que é a distância entre as forças de segurança federais e estaduais. Diferente da França, precisaríamos fazer um esforço de coordenação muito maior para dar uma resposta organizada a um atentado terrorista”. Adalberto lembra que, durante as Olimpíadas, o Brasil contará com cooperação internacional na proteção dos atletas e da sociedade em geral. “A segurança será feita em conjunto com forças de policiais e de inteligência de outros países com experiência em terrorismo”.


Lei antiterrorismo no Brasil

O projeto de lei que define como terrorismo os atos motivados por extremismo político, religioso, preconceito e intolerância já foi aprovado pelo Senado. O texto prevê que quem praticar crime dessa natureza estará sujeito a pena de 12 a 30 anos de prisão. Em meio à repercussão dos ataques em Paris, a lei parece necessária para tipificar o que é terrorismo no país. “Precisamos ter uma legislação adequada. Por mais que o Brasil não seja um alvo direto, ter a lei antiterrorismo é uma forma de proteger os direitos da sociedade. Sou a favor”, afirma Rudzit.


O Brasil participa de acordos de cooperação com polícias do mundo todo, e a lei regulamentará a atuação da polícia em qualquer tipo de atividade relacionada à investigação de suspeitos. “A lei está encaminhada e finalmente estaremos alinhados à legislação dos países com os quais temos a necessidade de cooperar. Ela vai garantir o envio de provas de identificação de grupos e pessoas que pretendem realizar atos terroristas pelo mundo”, finaliza Piquet.



Crise hídrica faz Santa Cruz desistir do Campeonato Potiguar 2016

A seca que atinge o sertão do Rio Grande do Norte chegou ao futebol. O presidente do Santa Cruz, o deputado estadual Tomba, confirmou o que já era esperado. Em 2016, a equipe do Trairi não disputa o Campeonato Potiguar. O dirigente apontou a crise hídrica como um dos principais motivos pela desistência.
Além disso, há a velha problemática da questão financeira que sempre põe em xeque a participação dos clubes de menores expressões nas competições locais e nacionais, ano após ano.

“Não temos água para aguar o Iberezão. São cerca de oito caminhões de água por dia, o que dá mais de R$ 30 mil reais por mês. Não dá para permitir que a população fique com sede só para fazer futebol. Seria incompatível com aquilo que a gente prega”, comentou.


Fonte: (Blog Emílio Alves)


Saiba como usar todos os tipos de chutes em “FIFA 16”

No futebol, às vezes, a melhor defesa é o ataque. Mas partir para o campo do adversário sem saber como finalizar não adianta muito. O problema é que, ao menos em FIFA 16 , não há apenas um tipo de movimento. É possível dar um chute colocado, um forte, um de letra ou mesmo cobrir o goleiro usando uma combinação de botões. Veja a seguir como executar essas finalizações nas versões do game para Xbox One e PS4.

Chute colocado
Um dos tipos de chute mais úteis para tirar o goleiro da jogada, o chute colocado pode ser executado ao manter RB ou R1 pressionado no momento da finalização.



Chute por cobertura
O goleiro está adiantado, longe do gol? Por que não, então, mandar a bola por cima? Para fazer isso, basta segurar LB ou L1 no momento do chute.

Chute de letra
Dar um chute de letra já é um pouco mais complicado. Além de manter LT ou L2 pressionados na hora de finalizar, é preciso apontar a alavanca analógica esquerda para o lado contrário do pé preferido do jogador. Ou seja, se ele for canhoto, mire para a direita. O movimento, aliás, só pode ser executado por craques mais habilidosos, como Messi e Cristiano Ronaldo.

Chute rasteiro
Mandar a bola por baixo e deixar o goleiro sem reação é uma opção interessante quando o jogador está dentro da pequena área. E para fazer isso, basta apertar o botão de chute duas vezes rapidamente. Só não esqueça de segurar na segunda vez, ou a bola sai sem força.



Chute longo
Sua equipe tem um meia ou um volante que chuta forte? É uma boa, então, colocá-lo para chutar de fora da área de vez em quando, para quem sabe pegar o goleiro de surpresa. Para fazer isso, é preciso antes de tudo estar com o jogador bem posicionado, de preferência de frente para o gol. Depois, é só encher metade da barra de força e deixar o jogador soltar o pé. Se quiser dar mais precisão, a dica seguinte pode ajudar.

Chute manual
Como manda a tradição, chutar sem mirar nunca é uma boa ideia em um game de futebol. Por isso mesmo existe a opção da finalização manual, que pode ser usada ao mover o analógico esquerdo para a direção desejada na hora do chute.

Chute acrobático
Na hora do cruzamento, nem sempre dá para contar que alguém vá acertar a cabeça na bola. Por isso, uma acrobacia às vezes se faz necessária. E para tentar acertar uma bicicleta, basta segurar L2 ou LT na hora que uma bola chegar pelo ar.



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Como os clubes de futebol do Brasil se saíram fora de campo


Os 24 clubes de futebol brasileiros da Série A e B não bateram um bolão em 2014 – pelo menos no que diz respeito aos negócios.
É o que mostra o estudo do banco Itaú BBA, com base nos balanços oficiais divulgados pelos times – Portuguesa ficou de fora da lista, enquanto Joinville e Avaí marcaram estreia.
No geral, o que aconteceu foi que 2013 já havia sido um ano difícil para os clubes que, por sua vez, não ajustaram o negócio para 2014.
“As receitas ficaram estáveis, mas os custos não cederam e eles eram necessários para que as contas fechassem com mais equilíbrio”, comenta César Grafietti, gerente de crédito do Itaú BBA e coordenador do estudo.
Em decorrência, cortes de investimentos na base, tomada de crédito e atraso em pagamento de impostos foi o que se viu no setor – e a expectativa para 2015 é que o cenário difícil continue.
“Vale lembrar que gerir futebol não é como cuidar de uma empresa porque o objetivo não é o lucro, mas sim aplicar uma gestão profissional para ter em ambiente que proporcione ganhar mais títulos”, explica o gerente.
O setor é ainda muito dependente de receita com venda de direitos para TV no Brasil, aponta Grafietti, mas alternativas para diminuir isso estão sendo colocadas em prática por alguns times, como o Cruzeiro, que tem programas de sócio torcedor.
Pro caso dos clubes que investiram em novos estádios, a lógica é a mesma – aumentar a bilheteria e diminuir essa dependência.
Nesse sentido, o que escolheu o melhor caminho, na opinião do Itaú BBA, foi o Palmeiras que não abriu mão de bilheteria para pagar a construção da nova casa, ao contrário do Corinthians e Atlético Paranaense.



Ministro George Hilton participa de sessão da Unesco que renova a Carta Internacional de Educação Física e Esporte



Os 195 Estados-membros da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) aprovaram na tarde desta quarta-feira (11.11), em Paris, a revisão da Carta Internacional de Educação Física, Atividade Física e Esporte. Com a presença do ministro do Esporte do Brasil, George Hilton, a sessão final da Comissão de Ciências Humanas e Sociais da 38ª Conferência-Geral da Unesco decidiu também criar o Dia do Esporte Universitário, a ser comemorado em 20 de setembro.

Criada em 1978, a Carta Internacional nunca havia passado por uma atualização. O texto aprovado em Paris define a prática de educação física, atividades físicas e esportes como um direito fundamental da população e recomenda que os governos invistam no ensino de educação física nas escolas. “É simbólico para nós, brasileiros, que esse trabalho esteja sendo realizado justamente quando nosso país finaliza os preparativos para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016”, discursou o ministro George Hilton na sessão da Unesco.

“Mais do que o legado físico dos Jogos Rio 2016, queremos um legado cultural, de consolidação da prática esportiva. Esta revisão da Unesco demonstra de maneira clara, universal, que o ensino de educação física nas escolas é fundamental para a construção de pátrias esportivas”, afirmou George Hilton.

Antes da sessão que renovou a Carta Internacional, o ministro George Hilton recebeu os cumprimentos da presidente da Comissão de Ciências Humanas e Sociais da Unesco, a camaronesa Hadidja Alim Youssouf. Ela agradeceu o apoio do governo brasileiro na revisão da Carta e a valorização do ensino de educação física.

George Hilton reiterou que o momento da atualização da Carta Internacional de Educação Física da Unesco é coincidente com a formulação do Sistema Nacional do Esporte, que deve ser enviada ao Congresso brasileiro até o fim do ano.

“Vamos definir as responsabilidades de União, estados e municípios, além da participação da iniciativa privada, nas ações de políticas públicas para perenizar a prática de atividades físicas. Nesse sentido, a obrigatoriedade do ensino de educação física nas escolas é fundamental”, defendeu o ministro.

Parceria com a França

Na noite de terça-feira (10.11), George Hilton se reuniu em Paris com o ministro do Esporte da França, Thierry Braillard. Os dois acertaram uma parceria entre os dois países na formulação de ações para a conexão entre esporte educacional e de alto rendimento. “Até os anos 1980, a prática esportiva era importante no currículo escolar brasileiro. Precisamos retomar esse conceito, colocando a escola com base do esporte”, afirmou o ministro brasileiro.

George Hilton quer aproveitar o ambiente dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 para mudar o cenário de prática de atividades físicas no Brasil. O Diagnóstico Nacional do Esporte, divulgado em abril pelo Ministério do Esporte, revelou um número preocupante: 45,9% da população brasileira é sedentária. “As Olimpíadas fazem parte de um projeto nacional do governo da presidenta Dilma Rousseff, de transformação do Brasil numa nação verdadeiramente olímpica.”


Em seu discurso na Unesco, o ministro informou que o Brasil está construindo Centros de Iniciação ao Esporte em mais de 240 municípios e estruturando uma Rede Nacional de Treinamento para atletas de alto rendimento em todas as regiões do país.


COI promete "tolerância zero" com doping


Um dia após a publicação do relatório da Agência Internacional Antidoping (Wada), na qual a entidade acusou autoridades russas de compactuar com a manipulação de testes de doping, o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou um comunicado em que lamenta o escândalo e manifesta apoio ao trabalho da nova diretoria da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF).

"É um relatório profundamente chocante e muito triste para o mundo do esporte. O COI confia que a nova liderança da IAAF, com o presidente Sebastian Coe, chegará a todas as conclusões e tomará as medidas necessárias", diz a nota. Em relação ao pedido da Wada para banir a Rússia dos Jogos do Rio-2016, o COI prometeu investigar a fundo as acusações, e caso confirmadas, tomar medidas rigorosas: "Iremos estudar cuidadosamente o relatório a respeito dos Jogos Olímpicos. Se quaisquer infrações nas regras de antidoping por atletas e/ou suas comitivas forem estabelecidas, a entidade irá reagir com sua usual política de tolerância zero".

A entidade olímpica também avisou que pretende realizar testes independentes das organizações esportivas e designou à Wada a missão de apresentar novas propostas para aumentar o controle e o rigor. Por fim, sugeriu a suspensão provisória do título do ex-presidente da IAAF, Lamine Diack, como membro honorário do COI. O ex-dirigente senegalês é acusado de receber propina de medalhistas para abafar os casos de dopagem.


Rússia - O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou nesta terça-feira que a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) não apresentou provas de que o país colabora com a prática "sistemática" de doping no atletismo e disse que as acusações "parecem não ter fundamento". A Wada afirma ter constatado suborno de dirigentes, compra de resultados e até um laboratório secreto, no qual teriam sido destruídos mais de 1,4 mil amostras de sangue de atletas, para que não caíssem no antidoping.


É iniciante na corrida? Confira as três dicas para evoluir e não se machucar



No ultimo final de semana aconteceu a Corrida Eu Atleta, no Rio de Janeiro. Foi uma corrida de alto nível técnico e de disputas acirradas em um palco com temperatura agradável. E um fato marcante, e interessante, é que a cada corrida o número de estreantes aumenta. Por isso, se você é um iniciante, confira abaixo três dicas para não errar na mão e acabar se machucando.

Como começar?
Contar com a ajuda de um treinador de sua confiança é sempre bom nesse início. Se você é sedentário, é provável que passe algum tempo na caminhada ou na caminhada com corrida. Essa evolução gradual é fundamental para evitar lesões que podem tirá-lo das pistas por um tempo e acabar com a sua motivação inicial.

Corra por tempo
No começo, não se preocupe com a distância que vai percorrer no treino. Uma boa sugestão é focar no tempo de caminhada ou corrida. O mais interessante, nesse momento, é perceber que está adquirindo mais condicionamento e energia para as tarefas diárias. É possível perceber os primeiros sinais de evolução nas primeiras duas ou três semanas.

Tenha uma rotina

Busque uma rotina regular de treinos. Você não precisa e nem deve correr todos os dias nesse começo; treinar dia sim dia não funciona bem para a maioria. É importante que você faça de tudo para se manter treinando na vida adulta, pois é nesse momento que a prática esportiva vai fazer toda diferença, evitando ou retardando potenciais doenças que carregamos em nossos genes e aumentando de forma efetiva a qualidade de vida.